Como ganhar dinheiro sem riscos no Aumento de Capital do BCP

O actual aumento de capital do BCP, como outros, tem algumas ineficiências que pode interessar explorar. A ineficiência que hoje vou partilhar com vocês é uma das mais simples mas que, ainda assim, não será uma das menos lucrativas. Na sexta feira o BCP encerrou a sessão a cotar nos 11,54 cêntimos. Os seus direitos, por sua vez, encerraram a cotar nos 8 cêntimos. Significa isto que, se pudéssemos gerar na sexta feira algumas das novas acções que serão geradas por via do processo de aumento de capital poderíamos fazê-lo ao preço de 11,07 cêntimos (6,5 + (8/1,75)). Esta diferença de 4,23% é o prémio que os investidores que estão dispostos a ir ao AC por via dos direitos estão dispostos a receber para esperarem até ao dia 28 sem poderem executar o negócio, com todos os riscos inerentes a essa espera.

Pergunto eu:
- E se fosse possível trancar desde já esse diferencial, assegurando imediatamente o tal ganho de 4,23%?
Respondem vocês:
- Aah, isso não é possível, porque mesmo que eu comprasse hoje os direitos não conseguiria vender já as novas acções pelo preço teórico, só o poderei fazer no dia 28!

Ora, esta é a chave da questão! Podemos de facto "bloquear" desde já esse diferencial, esperando apenas pelo dia 28 para concretizar o negócio! Como? Através de uma estratégia de hedging.

Imagine-se que eu queria expor-me às novas acções do BCP num montante equivalente a 10 mil euros durante o dia de sexta feira. Comprava os direitos a 8 cêntimos e esperava pela data da subscrição para subscrever as novas acções a 6,5 cêntimos, conseguindo assim o preço médio de 11,07 cêntimos por cada novo título. Para proteger o tal diferencial de 4,23%, assegurando-me que quando pudesse vender as novas acções esse potencial de lucro ainda se mantinha, apenas teria de abrir uma posição curta (short selling via CFD), ao mesmo tempo que comprava os direitos, no valor de exposição de 10423€.

Assim, trancava imediatamente todas as flutuações existentes na cotação entre o dia 4 e o dia 28 de Julho, dia em que finalmente poderia liquidar ambas as posições. Se os títulos entretanto subissem 10%, essa valorização iria reflectir-se nas novas acções e seria subtraída na posição curta. Se descessem 10%, seria a posição curta a valorizar no montante equivalente ao que a posição longa desvalorizaria! Parece complicado, mas até é simples... e o melhor de tudo é que podemos trancar o valor diferencial a qualquer momento, sendo que existem momentos em que esse diferencial atinge os 6-7% durante as sessões de negociação (atenção que com o passar do tempo as cotações tendem a convergir, desaparecendo o diferencial)!

Para que este processo decorra sem sobressaltos é importante escolher uma corretora que não cobre juros sob as posições curtas (para que o potencial de lucro não seja "encolhido" pelo juro pago) e, claro está, que permita a abertura de posições curtas sob o BCP. Nem todas as corretoras cumprem actualmente esses dois pressupostos.





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