Banif afunda após anúncio de novo Aumento de Capital

Como já tive oportunidade de referir imensas vezes, um anúncio de aumento de capital corresponde geralmente a um anúncio de sarilhos para a cotação de uma empresa. Foi isso que se voltou a verificar hoje com o Banif, após ter sido anunciado que o banco colocaria no mercado 13,8 mil milhões de novas acções a 1 cêntimo cada. Esta notícia teve um impacto duplamente negativo nas cotações, já que além do pedido de esforço financeiro acabou por desiludir os accionistas que acreditavam que a salvação do banco vinha da Guiné.

Acreditem numa coisa: o CEO do Banif não estará a contar a história toda quando diz que "prefere capitalizar-se no mercado do que recorrer ao dinheiro dos investidores da Guiné Equatorial". Não faz sentido do ponto de vista gestionário que assim seja, e o discurso que acompanha essa afirmação parece-me claramente no sentido de levar os accionistas ao AC. Diria que um de dois cenários poderão ter levado a esse caminho. O mais provável? Os Guineenses foram inteligentes e terão colocado como condição a uma eventual participação qualificada a capitalização prévia do banco. O segundo cenário passará por uma tentativa de tirar força a uma eventual participação destes novos accionistas, diminuindo assim a necessidade de capital para pouco mais de 300 milhões e aumentando o poder de negociação da actual administração. Seja como for, nenhum dos dois cenários parece defender os melhores interesses dos accionistas, defendendo-se quando muito os interesses da actual administração. Nem o volteface quanto aos direitos de voto (o domínio voltará a sair das mãos do estado) me parece um justificativo válido o suficiente...

Quanto à cotação, é provável que a convergência para 1 cêntimo se mantenha. Ainda não se conhecem todas as condições da oferta (nomeadamente a proporção de direitos por título detido), mas a julgar pelas anteriores operações será provável que a convergência aconteça. Desta vez temos dois factores menos maus a pesar do lado dos accionistas, o menor volume de diluição e o maior optimismo nos mercados. Estes factores poderão contribuir para spikes e reacções ascendentes de curto prazo, apesar de ser pouco provável que a cotação no médio prazo vá muito longe.

Pessoalmente manter-me-ei bem afastado deste aumento de capital. Não me parece minimamente atractivo, não me parece que o cenário de curto prazo seja optimista e não me parece que os spikes do passado tenham tido por detrás um jutificativo suficientemente válido para me levarem a acreditar que possam voltar a ocorrer.
Não excluo esse cenário, mas não gosto de negociar com base na aleatoriedade. Para isso prefiro o ambiente de um casino.

Fica o gráfico actualizado.



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